Rio de Janeiro-RJ: Manifestação "Não vai ter Copa! FIFA Go Home!"
Neste sábado, dia 28 de junho, o ato puxado pela Frente Independente Popular (FIP), contra a Copa, reuniu cerca de 300 pessoas, e saiu da praça Saens Pena com o objetivo de chegar ao Maracanã. A Polícia Militar manteve constantes revistas durante a concentração, como já vinha ocorrendo nas últimas manifestações, e momentos antes do ato sair, cercou os manifestantes na tentativa de impedir que tomassem as ruas. Os manifestantes conseguiram romper esse primeiro cerco e dar início ao ato, mesmo assim policiais tentaram obrigar que a passeata seguisse apenas pela calçada e, durante todo o percurso, a Polícia montou barreiras, dificultando o andamento da manifestação e impedindo o avanço em algumas ruas.
Quando o ato que seguia pela rua Gonzaga Bastos e chega na esquina com a rua Baltazar Lisboa, um cerco policial impediu que a passeata seguisse adiante. Os manifestantes voltaram pelo caminho anterior, se deparando com outro cerco à poucos metros atrás, que dificultava, mas não impedia, a saída das pessoas.
Então seguiram em direção à avenida maracanã pela rua barão de mesquita, onde a polícia fez várias ameaças de violência e perseguições à manifestantes. Ainda que o contingente policial fosse muito superior ao número de manifestantes, e que o ato seguisse de forma tranquila, a polícia não abriu mão da violência para inviabilizar a manifestação. Foi então, quando seguiam pela Rua Costa Pereira que a polícia iniciou uma onda de violências.
Socos, chutes e golpes de cassetetes foram distribuídos de forma aleatória e várias pessoas foram atingidas . Jornalistas foram diversas vezes intimidados por estarem filmando e muitos quase tiveram seus equipamentos destruídos. Um comandante começou a gritar com um dos jornalistas que filmavam uma detenção violenta. O jornalista tentou argumentar que estava trabalhando, foi quando o comandante percebeu que ele era estrangeiro por falar em espanhol, e começou a gritar com o jornalista dizendo que ele não era do Brasil e por isso não era bem vindo.
Os manifestantes se dispersaram pela Avenida Maracanã, mas a polícia continuou com as perseguições violentas e iniciou uma onda de detenções. O choque motorizado fazia rondas ao redor das pessoas, passando com a moto por calçadas e entre os manifestantes, causando risco de atropelamento.
Diante disso, o ato retornou para a praça Saens Peña. Uma bomba de efeito moral chegou a ser utilizada, e apesar do comandante da operação negar e afirmar se tratar de uma bomba caseira, a equipe do CMI-Rio registou imagens do destroço da bomba deflagrada, confirmando se tratar de um armamento de uso exclusivo da polícia.
No final do ato, um helicóptero da PMERJ apareceu dando voos muito baixos, chegando próximo a copa das árvores, produzindo vento e grande barulho que dificultava os manifestantes de falarem ao megafone. Os manifestantes foram embora aos poucos. No total apenas 4 dos detidos foram levados para delegacias e algumas horas depois liberados, por falta de acusações reais. Outros foram apenas imobilizados e agredidos na rua e soltos logo em seguida.
Mais uma vez as pessoas tiveram seu direito de livre manifestação violentado pela polícia, no Rio de Janeiro. Apesar da forte investida, com auxílio da grande mídia, em afastar as pessoas das ruas, a resistência continua, mesmo com a crescente onda de violência policial, cerceamento da liberdade de expressão e livre manifestação, reflexo da fragilidade da democracia no país.