Aumento dos Preços do Álcool em Gel é Abusivo e Visa o Lucro
Recentemente, o Rio de Janeiro teve uma experiência semelhante ao crescimento exponencial do preço de um produto com alta procura. Devido à crise da água, na qual a CEDAE estava entregando água contaminada para a população, obrigando-a a comprar água mineral, o preço de uma garrafa de água que antes custava cerca de 2 reais pulou rapidamente para cerca de 8 reais. Um aumento de mais ou menos 300%. Por que isso acontece?
Algumas pessoas usam a lei da oferta e da demanda para justificar o aumento dos preços, e em certo ponto é até possível entender esse processo como uma forma de garantir que haja o produto no estoque, uma vez que em situações de crise, como essa, a demanda aumenta exponencialmente tal qual o preço. Mas obviamente não se trata só disso. Essa forma de controlar a escassez do produto beneficia quem tem dinheiro para comprá-lo mesmo em momentos de crise, ou seja, sacrifica a população pobre para garantir que sobre produtos para quem tem dinheiro para pagar.
A lei da oferta e da demanda não é o bastante para justificar isso. Na verdade, há uma oportunidade de lucro para os empresários que vendem tais produtos, como a água e o álcool em gel, e é isso que move o aumento dos preços. Como os empresários não estão preocupados com o conforto, a saúde e a segurança da população, eles não estão preocupados com a falta de produtos e com a impossibilidade de certas pessoas adquirirem. Em momentos de crise, há uma certeza de que grande parte da população vai comprar, mesmo que com esforço, a preços maiores. Ou seja, o aumento dos preços da água durante a crise no Rio e o aumento dos preços do álcool em gel durante o surto de Covid-19 é diretamente ligado a um aumento de lucros por parte dos empresários de tais setores, e não apenas diretamente ligado, mas justificado por esse lucro.
Que os grandes empresários priorizam o lucro ao bem-estar da população que consome seus produtos não é novidade. Mas nesse caso, em que a necessidade do produto torna impossível fugir da aplicação dessa lógica, o que é possível fazer para garantir que o máximo de pessoas consiga adquirir os produtos de proteção contra o vírus?
Existem algumas formas de garantir os direitos do consumidor, e existem órgãos públicos para isso, como o PROCON, que inclusive já vem atuando no sentido de multar os estabelecimentos que pratiquem preços abusivos. É necessário que o preço do álcool em gel e das máscaras seja tabelado, controlado, pelo seu preço original. Literalmente, quando a mão do mercado se fecha contra o povo, os órgãos reguladores devem atuar, pois o livre mercado só é livre para alguns.
Além disso, é necessário controlar a venda dos produtos, garantindo que todos comprem uma quantidade mínima por vez para que não falte na prateleira para o próximo. Estocar esse tipo de produto gera falta para outras pessoas em momentos de crise como esse.
O ideal seria que o SUS tivesse como distribuir tais produtos gratuitamente em surtos virais, mas em uma realidade de aumento abusivo de preços, não parece que seja uma ideia tão realista a curto prazo. Por enquanto, então, devemos cobrar o tabelamento dos preços destes produtos e o controle da venda, sempre tendo como objetivo que o maior número de pessoas consiga adquirir o necessário.
Escrito por Zero
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