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Pra mim, comentários de facebook são uma das melhores coisas que temos enquanto sociedade.

Pra mim, comentários de facebook são uma das melhores coisas que temos enquanto sociedade.

Setembro 30, 2018 - 21:21
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E não, esse texto não é irônico, e sim uma ode sobre o que podemos aprender com a aceitação da nossa própria estupidez.

Em inúmeros textos atacando a nossa incoerência e a nossa cada vez mais latente ignorância da realidade parece que fiz esse texto pra chamar atenção ao querer ser o oposto de tudo que vejo, e foi, eu fiz, mas por favor não vá, pois o título é verdade. Eu realmente acredito nisso, mesmo que você acredite no absurdo político mais diferente do meu espectro ideológico, ainda que você negue a clara realidade dos fatos, ou mais importante, ainda que você tente me tirar de minhas ilusões construídas pelas minhas opiniões, nada disso muda o que penso sobre você e seu comentário, ainda que tu ache que feijão é por cima do arroz, hahaha, acho que já me fiz entender.

Agora é a parte que eu vou falar um monte de coisas e você vai me julgar, mas será um julgamento somente da sua parte, na realidade você sempre tem a possibilidade de me responder, possibilidade essa usada em exagero na maioria das vezes, inclusive diria eu que é essa vontade de expressar a opinião não solicitada que é o motor que me fez pensar em escrever essa minha opinião, eu critico fielmente todos os comentários que eu não concordo, mas será que realmente eles são desnecessários? Basicamente esse meu texto é isso, não vou jogar dados empíricos, científicos e afins com contestações dos mesmos, não vou fazer referências de frases de schopenhauer ou wittgenstein, ou qualquer nome difícil que me dê autoridade e que defina completamente o que eu quis dizer, não vou tentar reforçar a defesa do que eu realmente quero falar e não vou usar nada que possa ser usado como referência bibliográfica ou tampouco uma casualidade muito aparente, ainda que provavelmente muita coisa que eu falar possa parecer com algum jogo que você já jogou, filme ou série que já viu, texto que já leu ou até por uma corrente que você já compartilhou, ou então, mais importante do que isso, quero evitar ao máximo que você possa ou não fazer uma conexão direta e provar que tudo o que eu disse não passa de um mero absurdo, logo, já assumido como verdade (ou como mentira) somente pelo seu interlocutor original.

Então, digo que nada daqui tem a intenção de ser uma opinião pra você levar pra vida usando como argumento quem o está dizendo originalmente, ou de onde veio, mas sim um questionamento que precisa passar pelo seu crivo de todas as suas experiências, comprovando porém ao mesmo tempo que não tem quer ser algo a ser provado.

Se você esteve até aqui e suportou toda essa chatice que disse mais sobre si sem dizer nada em especial, o meu texto era basicamente sobre isso, eu tive que fazer um esforço tremendo pra não ser ideológico nesse texto e ainda sim acredito que esse texto tenha sido o mais ideológico que escrevi, justamente por me esforçar ao máximo pra não ser. Então, todos os nossos atos refletem o que somos, tudo que você toca, tudo que você come, tudo que você fala, tudo que você ouve e tudo que vê, tudo que lhe é sensível com todos os sentidos básicos presentes na maioria de nós, e também com os sentidos que julgamos ter (ainda que sem base científica aparente), é um reflexo de tudo que você já viveu e o que fez com isso. Você é um ser completo com todas as suas coisas e todas as lembranças de suas coisas, ainda que pareça que isso é um texto demasiado longo pra dizer a coisa mais simples de todas, que eu sou eu, calma aí, que eu vou chegar lá, melhor, esqueci do principal, é tudo que lhe é sensível, mas não é só tudo isso, é quando você faz tudo isso sem ser julgado ou observado por ninguém.

Eu sei, isso tá soando cada vez mais um clichê que você veria em um livro de autoajuda, mas escrito da forma mais pretensiosa possível, e talvez esse texto o seja, ou, talvez, livros de autoajuda que sejam versões mais acessíveis de textos pretensiosos que se propõem a explicar sobre complexas teorias sobre como observamos o mundo. Talvez, nada do que eu esteja falando faça o menor sentido pra você, e o mais impressionante, é que ainda sim esse texto nos vai ser útil a nível individual, até as coisas mais estúpidas tem algo a dizer, simplesmente porque nós temos algo a dizer. Você, esse complexo ser com todos os seus medos e seus anseios, diz sobre você, quando faz um comentário no facebook e que talvez nem tenha muito a ver com a postagem original, mesmo que aquilo seja a sua maior mentira, e você saiba disso, quem você finge ser diz sobre quem você é, se você não diz nada, ou pior, se o que você diz é uma opinião extremamente odiada por um grupo de pessoas.

Se o seu comentário choca um grande número de pessoas, intencionalmente ou não, isso diz algo sobre você, se o seu comentário é na realidade uma verdade que só faz sentido pra você, mas é tão claro que te incomoda que um grupo de pessoas não o perceba no mar de sua completa ignorância, se toda vez que você lê um comentário você pensa que a humanidade tá falida, que as pessoas estão cada vez mais estúpidas, por qual motivo o estúpido não é você ?

Espero de verdade que você entenda o que eu quis dizer, ou que não entenda e fique tentando entender, ou que entenda e discorde completamente, só peço que não o esqueça, pois se você conseguir aprender algo com esse texto, você consegue aprender com o comentário mais estúpido que você avistar na próxima rede social. Se você conseguir entender que temos todo um conjunto de ideias que é menos culpa nossa, que nos faz pensar em um comentário e que existe um motivo pro comentário mais estúpido de todos, ou melhor, se você for intolerante e achar completamente irracional aquele pensamento, um pensamento totalmente alheio à época vigente e desprovido de senso moral, pense que aquela pessoa pensa verdadeiramente daquela maneira, e se não o pensa, se é apenas fruto de uma mentira bem articulada para se fazer acreditar pelo os que pensam, ainda o faz com uma motivação, seja ela passível de tratamento médico ou medidas punitivas ou nenhum dos 2.

Eu quero que na próxima vez que você ler um comentário que lhe parece o mais completo absurdo reflita não só sobre a realidade do comentário bem como do que o cerca, mas sobre por qual motivo que a pessoa diria isso, não ataque a negação à realidade, tente entender, ainda que de forma superficial, por qual motivo alguém faria isso. Se você não consegue entender, se esforce pra conseguir, mesmo que por meios externos de conhecimento, se ainda sim não conseguir, apenas aceite, pois se você não consegue entender o porquê a pessoa disse isso, talvez você não tenha entendido o que ela quis dizer, peça mais clareza à ela, e se a capacidade intelectual dela não permitir, não a julgue, pois se ela não consegue entender o porquê fez isso, ela talvez seja mais refém de um pensamento ruim do que propagadora.

Então, a estupidez é talvez uma das nossas maiores qualidades, à parte do que todas as nossas capacidades dizem sobre nós, as nossas deficiências dizem muito mais. Sempre me questionei sobre como os cegos sonham, mesmo sem a capacidade da visão que nos é tão exigida num sonho, mas na realidade o oposto que talvez é o verdadeiro, os cegos devem nos achar limitados por precisar da visão para sonhar.

Concluindo, se esse texto fez sentido pra você, por favor reflita sobre o que falei, se não lhe causar nada e não fizer o menor sentido pra você, mas você quiser que eu me faça entender, me diga que eu tentarei ser mais claro. Agora, se esse texto foi uma completa perda de tempo e te dá um ódio tremendo de mim, não me dê esse gosto, não perca o seu tempo me atacando, prove o meu erro e livre todos os outros de perder o seu tempo lendo isso, se eu conseguir qualquer uma dessas 3 coisas, então o meu texto vai ter tido o sucesso esperado, só não me ignore e me critique em silêncio ou de forma vazia, assim como deveriamos fazer com todo sinal de ignorância que presenciamos, no caso todo sinal de nossa própria ignorância.

Sylas Eckart é programador formado em roteiro e ex aluno de ciências sociais.

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